Uma convocação de paralisação nacional dos caminhoneiros prevista para esta quinta-feira (4/12) ganhou repercussão nesta semana após declarações públicas do líder da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), Francisco Dalmora Burgardt — conhecido como Chicão Caminhoneiro — e do ex-desembargador Sebastião Coelho. Apesar do anúncio, a mobilização enfrenta forte contestação interna e ainda não conta com apoio formal das principais entidades representativas do setor.
Convocação formal e apoio jurídico ao ato
O anúncio foi feito por Chicão Caminhoneiro, que informou ter protocolado uma ação para dar “base legal” ao movimento, ao lado de Sebastião Coelho, aliado político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo eles, a paralisação teria como pauta:
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estabilidade contratual para caminhoneiros;
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garantia do cumprimento da legislação existente;
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reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas;
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aposentadoria especial com 25 anos comprovados de trabalho.
“Estaremos protocolando o movimento para trazermos a legalidade jurídica dessa ação que vamos iniciar a partir do dia 4 de dezembro. Doutor Sebastião Coelho estará conosco, nos acompanhará. Teremos todo o suporte jurídico necessário para o ato e dentro da legalidade que a lei estabelece”, declarou Chicão.
Em pronunciamento, o representante reforçou ainda que o ato não seria político, mas sim uma “luta por melhorias para a classe”.
Organizadores dizem que não pretendem bloquear estradas
Segundo Coelho e Chicão, o movimento buscaria respeito às normas legais e não teria objetivo de impedir o ir e vir.
“Não podemos impedir o direito de ir e vir das pessoas. Temos que respeitar toda a legislação imposta à categoria para permitir o livre trânsito. Esse movimento é de caminhoneiros, guerreiros, lutadores”, afirmou Chicão em vídeo divulgado nas redes.
Contrapontos: entidades repudiaram e negam participação
Apesar da repercussão do anúncio, as principais entidades de representação dos caminhoneiros autônomos negam adesão, reforçando que não reconhecem a paralisação como oficial.
1. FETRABENS (São Paulo) divulga nota oficial
A Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas do Estado de São Paulo afirmou que:
“Até o presente momento, a FETRABENS não participa, não convoca e não tem qualquer deliberação institucional envolvendo paralisação, greve geral ou mobilização no dia 04/12.”
A entidade criticou a falta de coordenação e disse que não foi consultada sobre o movimento.
2. CNTA não reconhece a convocação
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), uma das maiores do país, também negou envolvimento e declarou não ter sido informada da mobilização.
3. Lideranças históricas alertam para risco de politização
Wallace Landim, o “Chorão”, figura de destaque na greve de 2018, afirmou que não apoia o ato e criticou tentativas de usar a categoria para fins políticos.
4. Setor de transporte de cargas vê pouca adesão
Profissionais e associações regionais apontam que não há ambiente para uma greve nacional, especialmente pela ausência de diálogo unificado na categoria e pelo impacto econômico que uma paralisação sem articulação poderia causar.
Clima interno é de divisão; adesão real ainda é incerta
A convocação tem mobilizado parte da base, especialmente grupos organizados nas redes sociais, mas não há confirmação de adesão em larga escala. A falta de participação das federações e confederações mais representativas põe em dúvida a realização de uma paralisação significativa.
Especialistas do setor avaliam que, sem alinhamento institucional, o movimento tende a se concentrar em atos pontuais — com baixa chance de paralisação nacional como a de 2018.
Impactos possíveis
Mesmo sem confirmação ampla, o alerta foi aceso nos setores de logística e transporte, que monitoram a situação por precaução. Governos estaduais e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também estão em atenção preventiva para evitar bloqueios irregulares de vias.
Situação segue em atualização
Até o momento, há um chamado formalizado, mas sem consenso ou adesão oficial da categoria. A redação segue acompanhando posicionamentos de entidades, atualizações das autoridades e possíveis impactos nas estradas do país.
